SELEÇÃO GENÉTICA  NA FIBRA OU CANTO DO CANÁRIO-DA-TERRA

Mestre Luiz Antônio Taddei - Consultor técnico e estudioso de seleção genética animal

A criação e a seleção genética devem caminhar necessariamente juntos. É importante que desde logo saibamos distinguir um selecionador de um mero multiplicador. A princípio e grosseiramente, a seleção pode parecer ser a simples reserva para a reprodução de um bom exemplar, mas terá esse exemplar a capacidade de transmitir suas qualidades ??? Alguns de nós (raros) possui o famoso “Olho Clínico” que o faz capaz de reconhecer com acerto as qualidades de um filhote, quem não tem esse “dom”, tem que trabalhar a seleção.

TRÊS BREVES HISTÓRIAS ILUSTRATIVAS

Vou começar breves histórias, que balizarão nossa conversa sobre a importância da seleção.

1- Vamos citar inicialmente o Sr. José Oswaldo Junqueira que desenvolveu a raça mangalarga. Tudo foi baseado na sua percepção de que uma determinada égua (que nem sua não era) tinha alguns predicados que considerava importantes para formar um novo padrão naquela raça de cavalos. Idealizava uma linhagem de boa conformação mas que mantivesse o andamento cômodo, famoso dos cavalos Mangalargas. Na época, uma só raça, hoje subdividida em Mangalarga (Paulista) e Mangalarga Marchador. O filho desta égua chamou-se “Turbante JO” [i]e praticamente dividiu a história da raça:[/b] Antes e Depois de Turbante JO.

2 - Vale lembrar também do Dr. José Vieira Pereira, que apesar de advogado, desenvolveu mais do que um plantel. Vacas de excelente aspecto morfológico mas e principalmente excepcionais produtoras de leite. Através da técnica de transplante de embriões, pioneiro na época, formou um plantel de altíssima capacidade leiteira, batendo em expoentes de mais de 90 Kg de leite diários. Mas o principal não era esse indivíduo expoente; era o plantel homogêneo. Tanto em produtividade, como em características fenopticas.

Numa visita, uma comitiva do Japão, fez a avaliação destas vacas. Para tanto, foram colhidas fezes de cada uma delas e este material foi analisado em laboratório visando identificar a existência de proteínas e matérias nobres no bolo fecal. Constatou-se que todas a proteínas ingeridas, eram 100% processadas e transformadas em leite. Mais de uma vez, fez e refez seu plantel que foi vendido a valores históricos para o gado leiteiro brasileiro.

3 - Por anos, dedicava-me à caça de perdizes, e buscava criar cães para esta finalidade. Neste meu envolvimento com a cinofilia, tive a oportunidade de conhecer um criador e selecionador de cães na Alemanha (berço da seleção genética de animais) e deparei-me com a seguinte situação. Numa ninhada de 9 filhotes, baseado nos padrões da raça, com a pura observação acurada, pediu para separar 3 filhotes e o restante determinou que seriam sacrificados. Neste caso em particular, onde os critérios da seleção estavam muito bem estabelecidos, este senhor não via nenhuma justificativa para assegurar a sobrevivência de exemplares que estavam fora do padrão, representando descarte no processo de seleção.

PRINCIPIOS QUE NORTEIAM A SELEÇÃO

Lembrando que criar um pássaro bom e criar um pássaro ruim o manejo será o mesmo, o prejuízo será maior criando-se pássaros ruins, pois, basta computarmos a perda de tempo fazendo algo que não leva a lugar nenhum. Assim não basta criar, devemos buscar criar o melhor.

Infelizmente,
no caso de nossos canários, e seja qual for esse canário, sempre teremos um pássaro heterozigoto. Assim, mesmo que já tenha exteriorizado seus excelentes predicados, não podemos ter certeza de qual o percentual de aproveitamento de sua prole. Pássaros heterozigotos, passam tanto suas boas qualidades bem como qualidades ruins.

O Dr. Álvaro Blasina, um lendário selecionador de Serinus Canária, afirmou-me que
“o ideal seria que apenas um filhote herdasse todas as qualidades ruins ficando as qualidades boas para os outros filhotes da ninhada”, no entanto bem sabemos que esta possibilidade está diametralmente oposta à realidade dos fatos.

Desta forma, como ponto de partida, devemos utilizar na reprodução, pássaros sem defeitos aparentes e portador dos predicados desejados que buscamos desenvolver nos seus filhos. Como contrapartida a esta afirmação, pássaros que não atendam plenamente aos predicados desejados, devem simplesmente ser descartados de uma possível reprodução, para evitar um grandioso desperdício de tempo. Ilusão não combina com seleção.

Podemos estabelecer como regra número 1 da seleção: “Faça amigos”. Desta forma aumentaremos as chances de termos acesso a pássaros dotados dos predicados que almejamos. Se por qualquer situação adversa, não pudermos adquirir este pássaro, poderemos ao menos empresta-lo para galar fêmeas.

No entanto vale ressaltar que a regra básica para iniciar verdadeiramente o processo de seleção estabelece que “o macho tem que ter relação de parentesco com as fêmeas”.

Desta forma, uma vez eleito o Fundador do programa de seleção a ser desenvolvido (que deve ser o melhor pássaro que pudermos adquirir ou emprestar), o trabalho será pautado em cruzamentos fechados. Desta forma é que conseguiremos o ½ sangue, o ¾, o 7/8, o 15/16, etc ....

Cabe no entanto lembrar que um bom padreador você deve cria-lo, não iludindo-se que irá encontrá-lo por aí, ainda que seja o campeão de um torneio.

O modelo ideal de iniciarmos este processo de reprodução seletiva, é a prática da consangüinidade fechada (inbreeding), cruzando: PAI com a FILHA; com a NETA; com a BISNETA; etc... até conseguirmos um produto que seja portador de 31/32 (ou 96,86%) de sangue do Fundador Inicial quando então teremos o nosso “REPRODUTOR”. Esse Reprodutor será Homozigoto. Ou seja, com certeza passará suas qualidades a sua prole. Ver o quadro de cruzamentos apresentado a seguir.


CANÁRIO INICIAL X FÊMEA INICIAL = FILHO (a) F 1 = ½ sangue
CANÁRIO INICIAL X FÊMEA F 1 = FILHO (a) F 2 = ¾ de sangue
CANÁRIO INICIAL X FÊMEA F 2 = FILHO (a) F 3 = 7/8 de sangue
CANÁRIO INICIAL X FÊMEA F 3 = FILHO (a) F 4 = 15/16 de sangue
CANÁRIO INICIAL X FÊMEA F 4 = FILHO (a) F 5 = 31/32 de sangue

(Esse produto que apresenta 31/32 de sangue do Canário Inicial já pode ser considerado puro – porém já é homozigótico ou seja, sangue fechado no Canário Inicial)

O PREDICADO QUE PROCURAMOS

Um trabalho de Seleção e Aprimoramento Genético pode ser feito objetivando melhores predicados para o Canto ou para a Fibra. Seja para uma ou outra modalidade, devemos ter em mente, que exigirá dedicação e perspicácia e principalmente manter a firmeza dos objetivos traçados.

Ainda não sabemos se a Fibra é transmitida por um gen ou por uma combinação de gens.
No entanto vale lembrar que ninguém tem o que não herdou. O piado por exemplo, é herdado geneticamente, já o Dialeto de Canto, é aprendido.

Mas, precisamos desmistificar folclores presentes no dia a dia da transação passarinheira. Afirmações do tipo:
“esse pássaro é ruim, mas dá cada filho bom”; é mentira, é pura balela, representando o tipo de afirmação que deve ser necessariamente desconsiderada, por uma pessoa seriamente comprometida com um trabalho de seleção. Perder tempo com um pássaro ruim, na remota esperança que seus filhos herdem, por atavismo qualidades de ascendentes mais remotos é pura perda de tempo. Um risco que nenhum criador sério poderá correr.

A seleção deve ser rígida no limite, e tem que se ter à endogamia. A seleção também pode ser feita com o uso de parentes mais distantes, tipo Tio com Sobrinha, meio Irmãos, Primos com Primas, etc. porém é um caminho mais comprido e deve ser previamente traçado.

Pássaros que não exteriorizaram os predicados não devem ser utilizados na reprodução. O chamado olho clínico, é uma qualidade que deve ser desenvolvida e permanentemente aprimorada pelo selecionador.
Deve-se educar o olho para identificar predicados nos pássaros. Neste aspecto, é primordial, educar os olhos para os seus próprios pássaros, sabendo enxergar os defeitos e eliminar os indesejáveis.

Aqui vale lembrar o selecionador alemão de cães, que sem contemporizar, não se furta dos seus objetivos, quando precisa eleger os melhores da prole que justificam permanecer no plantel.

Vale lembrar que:
1 - Nunca teremos dois irmãos iguais na mesma ninhada;
2 – Não se deve utilizar na reprodução Machos com menos de 3 anos de idade, pois antes desta idade, não foram devidamente avaliados em todos os seus predicados ou defeitos;
3 – Se existir dúvidas das qualidades de um pássaro, não se deve leva-los para a reprodução;
4 – Imediatismo não se aplica nem para a seleção de baratas.
Sabemos que os alemães tem linhagens definidas para distintas raças, porque foram rígidos nos procedimentos de seleção e aprimoramento genético. Desta forma destacaram-se com Cães e Canários (serinus canária).

[i]O pior erro que se pode cometer, é partir dos princípios errados[i]. Para isto devemos ser frios no raciocínio.

Mesmo quando se deparar com um pássaro, que apresenta as qualidades desejadas,
observe durante algum tempo, analisando a regularidade com que este pássaro manifesta as suas qualidades.

Concluindo, neste processo de seleção, encontramos três caminhos a serem seguidos, na obtenção do Canário da Terra com os predicados desejados:

Sorte – Tal qual ganhar na Megasena, estatisticamente as chances são pequenas;

Dinheiro – Com quantias adequadas, poderá até encontrar o pássaro com os predicados desejados, e comprá-lo;

Anos de Trabalho – Esta é a forma mais lenta, mas, segura. O investimento em trabalho e esforço será recompensado e chegará um momento que terá conseguido o Canário da Terra que tanto almejou.


Texto extraído do Relatório do Encontro de Sicalienses em Florianópolis.

 

O Corrichado & Seu Desenvolvimento I


Teremos de considerar vários aspectos que normalmente surgirão durante a
“Época do Corrichar” e que interferirão no desenvolvimento do corrichado. O problema
a meu ver resume-se em entendermos o porque do Corrichar, e como desenvolve-lo
corretamente para atingir suas finalidades e objetivos. Esta fase, excluindo-se o
processo de Vetorização do canto, é sem dúvida a mais importante e complexa entre
todas no desenvolvimento e formação do canto Vetorizado nos filhotes dos Curiós. O
Corrichar nada mais é que um conjunto de exercícios de vocalização com vistas ao
desenvolvimento da Seringe órgão responsável pelas vocalizações dos elementos
sonoros (assovios) Vetorizados no filhote, portanto se constitui etapa pós-vetorização
e deve manifestar-se no período compreendido entre a Vetorização do Canto e a Muda
de Ninho aos quatro meses de idade.
Vejamos:
1. Filhote que corricha pouco o faz por se encontrar isolado
Em um ambiente desprovido de estímulos tais como um rádio ligado, CD-R
intercalado com som de Cachoeira e água corrente, gravação de outros filhotes
corrichando etc. São nesta fase, indispensáveis ao estimulo do “Corrichado”.
2. Sabemos que o temperamento extrovertido e irrequieto, alegre e brincalhão
(pois os filhotes de Curiós “Brincam” como se fossem crianças) dos filhotes, tem
nos levado a equipar a sua gaiola com elementos ocupacionais experimentais
reduzindo sensivelmente o Stress, caso contrário corricham pouco e buscam
ocupar-se todo o tempo brincando com:
• O comedouro, jogando fora às sementes proporcionando um alto índice
de desperdício das mesmas.
• O bebedouro, proporcionando um alto consumo de água (está sempre
vazio), pois se excitam ao jogar fora a água.
• Jogam fora todo o “Grite” que disponibilizamos em sua gaiola.
• Rasgam e puxam o papel do fundo com muita freqüência.
• Destroem a capa da gaiola puxando as costuras internas, promovendo
às vezes o enroscamento do seu bico, pernas ou língua, bem como
engolem fiapos de tecido ou mesmo linhas provocando às vezes a sua
morte. Devemos usar capas pespontadas e desprovidas de costuras
internas e fiapos que se soltam ao serem puxados.
• Costumam entediados atirar-se com certa violência contra o tabuleiro
da gaiola, tal prática chega a nos assustar.
• Praticam acrobacias do tipo “Salto Mortal” e alçam vôos em círculos
saindo pela tangente.
• Brincam e até brigam com o “osso de Ciba” e “dorminhoco” provocando
às vezes acidentes com o enroscamento da anilha no elemento de
fixação do asso de ciba nas “Talas” da gaiola.
• Costumam entrar em vasos de boca estreita e utilizados como porta
“Tiririca”. Se não forem socorridos a tempo morrem.
• Alguns vitimados pelo Stress entram no compartimento do cocho
escondendo a cabeça por baixo das extremidades do mesmo quando os
removemos para limpeza. (Baixar o volume da instrução de canto nestes
casos).
• Apresentam DPA – Distúrbio de Plumagem e viciam em comer os
canhões das penas, uma vez instalado o DPA o filhote atrasa todo o
processo do Corrichar.
Os aspectos por nós observados são vários, citei apenas alguns para
exemplificar o pouco “Corrichado” em filhotes que se estressam entediados por falta de
uma Terapia Ocupacional. Terapias ocupacionais nesta fase são estimulantes do
Corrichado. “Filhotes de curiós brincam como crianças” e nós precisamos disponibilizar
alguns brinquedos para que brinquem e cumpram o “Corrichar” com êxito e bom
desenvolvimento.
O fim do Corrichado caracteriza-se pelo surgimento dos primeiros assovios, se o
filhote não cumpre com êxito o Corrichar retardará os assovios, pois não desenvolveu
convenientemente a “Seringe” (membranas e músculos seringiais) ainda antes da
muda de ninho, por motivos anteriormente mencionados. Podemos afirmar que esta
fase é a mais importante na vida de um Curió, pois é o momento em que o canto
Vetorizado começa a se manifestar e precisa ser bem conduzido sem interrupções ou
traumas que venham inibir as emissões e desenvolvimento dos primeiros elementos
sonoros.
O pós muda de ninho deve ser caracterizado pela ausência de corrichados e
presença apenas de assovios. Nesta fase encontramos uma diversificação enorme de
comportamentos (que no momento estamos pesquisando e catalogando) proveniente
de um maior ou menor desenvolvimento Seringial. O pós muda caracteriza-se pelo
surgimento e desenvolvimento do temperamento que não deve ser retardado sobre
pena de colocar em risco todo o desenvolvimento canoro do filhote.
Os aspectos do pós “muda” observados em filhotes Tecnicamente Vetorizados
com ou sem a completa conclusão do “Corrichar” leva-nos a um vasto elenco de
observações que fogem ao nosso propósito no momento, contudo registrarei o fato de
que alguns filhotes continuarão a corrichar no pós muda cumprindo desta forma
(tardiamente) o desenvolvimento Seringial.
Num segundo grupo estão aqueles filhotes que continuarão os assovios até
externar totalmente a mensagem canora Vetorizada. Estes cumprirão o corrichado com
bastante êxito e serão “Melhores Cantores”.
Num terceiro grupo encontramos aqueles filhotes que embora tenham concluído
ou não o corrichar e apresentavam antes da muda de ninho a emissão de algumas
notas assoviadas. Concluída a muda retornam ao Corrichar e permanecem nele por
três meses aproximadamente como se tivessem que retornar ao início do processo. É
como se o desenvolvimento da seringe fosse eliminado durante a muda e estes filhotes
são tardios e normalmente pouco desenvolvidos. Registramos ainda a presença deste
retrocesso no desenvolvimento Seringial de alguns Curiós que, depois de concluída a
primeira muda de Preto “Muda Anual” retornam ao Corrichado como se tivesse
esquecido tudo, e o repetem integralmente, apenas apresentando um desenvolvimento
mais rápido.
Este Texto tem como objetivo chamar a atenção dos criadores para o Corrichar
e ajudar o entendimento deste complexo processo. Conhecedores do processo podem
interferir com competência quando se fizer necessário. Antecipei neste texto alguns
aspectos sobre Terapia Ocupacional dos filhotes de Curió “Os Filhotes Brincam” que no
momento encontra-se como sendo a minha principal preocupação no sentido de
entender as relações com o corrichar.
Tenho tido informações de vários companheiros que adotaram o nosso método
(Vetorização de Canto em Filhotes de Curiós) e que já estão colhendo excelentes
resultados, acredito que no decorrer deste ano 2002 teremos alcançado um alto índice
de aprendizado até então nunca atingidos pelos criadores iniciantes. Espero estar
vivendo o início de um “Novo Momento da Criação Doméstica Do Curió”.
O Autor
Gilson Barbosa – BA.
gilsonferreirabarbosa@hotmail.Com

 

DESENVOLVIMENTO DO CORRICHADO – II


Considerações:
É verdade, um filhote praticamente inutiliza o outro durante o aprendizado coletivo, o aprendizado
deve ser individualizado. É fato conhecido de todos há muito tempo que os filhotes de Curiós ao atingirem os
quatro meses de idade (se geneticamente aprimorados) estão com o canto completamente limpo
de “Corrichados” expressam-se apenas com assovios e conjuntamente desenvolvem o temperamento com o
surgimento dos primeiros sinais de “Territorialismo”. São territorialistas e é nesta fase que surgem os
primeiros aspectos desta característica, dentre eles as disputas de canto que leva um filhote a emitir um
pequeno fragmento do canto para em seguida calasse, esperando a resposta dos demais, uma vez implantada
esta disputa entre eles, ficam inutilizados para sempre, pois, adquirem o vicio de cantar fragmentos do dialeto
ministrado, desinteressando-se pelo aprendizado e pela repetição não se desenvolvendo prejudicados pela
troca de canto que se instala entre eles. Basta que um filhote execute um fragmento para que todos os outros
interajam imediatamente com outro fragmento que com o passar do tempo se impregnam de vícios tais
como “Gritos de Guerra” do tipo “Voiaquil” “Rinharinha” “Viviu” “Remrem” “Lecoleco” “Chauchau-
Vi” ou Serradas etc. Como forma de demolir o temperamento dos companheiros da estante ou
prateleira até que se estabeleça uma liderança no grupo. Reside aí nesta fase, o aspecto determinante do
insucesso de todo o trabalho da maioria dos criadores que não dispõem de espaço para individualizar as
Instruções de Canto e por este motivo “Discordam por Discordar” é que lhes faltam à base da observação, que
dá consistência a metodologia científica. Os esclarecimentos destas questões dependem do
nível de conhecimento dos aspectos aqui tratados por parte dos criadores pois, a metodologia a ser aplicada
depende muito da base de informações e conhecimento principalmente dos comportamentos “Espontâneos na
Natureza” Tenho baseado todo o meu trabalho nas observações que fiz e faço dos Curiós na Natureza,
ainda abundantes em alguns “Sítios Ecológicos Preservados” da nossa região Sul da Bahia, não me
baseio nos estudos de nenhum pesquisador nem ensinamentos sejam eles quais forem, principalmente
se destoam das minhas observações, eu divulgo a minha experiência única e exclusivamente e toda ela é
fruto de observação da “Natureza” ou dos experimentos que empreendo para formar minha
opinião. Só concordo quando comprovo plenamente os fatos, não me importa de onde venha a informação,
para mim ela será verdadeira se eu puder por em prática e comprovar caso contrário fica como
informação genérica a comprovar. Era este o esclarecimento que queria fazer.
Tenho observado em vida Silvestre que os filhotes de Curió ficam independentes dos pais quando
completam algo em torno de 30 dias de nascidos, e permanecem no seu convívio por mais 15 dias quando
se intensifica o “Corrichar” que ao se instalar passa a incomodar o pai que os expulsa do “Território”. Nesta
fase os filhotes expulsos dos diversos territórios se  agrupam em bandos para a prática do “Corrichar” e,
parecem buscar as margens dos Regatos, (aí são encontrados) Corredeiras e Cachoeiras para se
estimularem, e desta forma desenvolverem um corrichar intenso. Nesta fase já se encontram com o
Dialeto do Pai completamente Vetorizado (vetorização espontânea ocorrida durante o período de dependência
dos pais) dependendo apenas do desenvolvimento Seringial para produzirem os primeiros assovios, o
período do “Corrichar” é variado entre os filhotes que também possuem idade variada dentro do bando, logo
acreditamos que o período do “Corrichar” em filhotes de Curiós Selvagens dure cerca de 6 meses, (período
este reduzido para metade com a estimulação e o aprimoramento Genético em domesticidade) logo,
temos convicção de que durante o “Período do Corrichar” os filhotes não vetorizam absolutamente
nada em termos de informação canora pois já o fizeram com a “Vetorização Espontânea” durante o convívio
com os pais, agrupam-se para Corrichar e buscam estímulos na própria natureza, daí as minhas
preocupações com o estímulos do Corrichar em domesticidade. Estamos convencidos de que o corrichar
nada mais é que exercícios de desenvolvimento da “Seringe” ou melhor, das membranas seringiais em
número de duas para a produção dos assovios. A medida que surgem os assovios o “Bando”’
automaticamente se desfaz por motivos Territorialistas. Temos observado, que os filhotes em fase de Abertura
dos Assovios procuram os trechos mais barulhentos do Rio para Assoviar, é como se buscassem uma proteção
aos assovios dos outros companheiros que também se comportam da mesma forma originando-se aí o
princípio dos Territórios. Observamos que, mesmo na natureza, os filhotes
buscam o isolamento no barulho das águas das Cachoeiras para Abrirem Os Assovios, é a proteção
natural, e como fica em domesticidade? Esta é a nossa observação da “Natureza” contudo
cabe ressaltar duas linhas distintas de conduta por parte do criador na domesticidade da criação. As
limitações (escassez) de espaços para desenvolver a contento o acompanhamento e lapidação do canto dos
filhotes nos obrigam a duas linhas distintas de conduta.
1. Primeira Linha
Confinamos os filhotes provenientes de ninhadas especiais conjuntamente com a sua mãe
a partir do 16° (décimo sexto) dia de vida (logo após a saída do ninho) em Caixas, Cabines ou
Gabines de Vetorização com ventilação mecânica e sonorização embutida controlada por Timer,
 sensores ou Computador. Ministramos asInstruções de canto de nossa preferência mediante
CD-R DIDÁTICO DE INSTRUÇÃO e específico para tal finalidade. Recomendamos a leitura dos
seguintes artigos disponibilizado no Site:

• VETORIZAÇÃO EM FILHOTES DE CURIÓ
• CONFINAMENTO VISUAL DO CURIÓ
• CRITÉRIOS DE SELEÇÃO & CONCEITOS
Ao completarem trinta dias de nascidos, os filhotes confinados já se encontram completamente vetorizados
(este período corresponde à permanência dos mesmos junto aos pais em vida Silvestre). Devem em seguida
ser apartados encapados e confinados. Segundo o artigo CONFINAMENTO VISUAL DO CURIÓ.
2. Segunda Linha:
Procedemos de forma idêntica a primeira “Linha” quanto à “Vetorização de Canto”, contudo os filhotes
por motivo da quantidade e dos custos financeiros (investimento) do espaço necessário ao
confinamento, são encaminhados para uma prateleira a onde ficam em grupo isolados
visualmente porem compartilhando da mesma instrução de Áudio e escutando-se mutuamente
durante todo o “Corrichado”, ora, sabemos que o corrichado é um exercício, (estamos convencidos
disto) e que neste período não ocorrem vetorizações, sabemos ainda que o corrichado de um filhote
estimula o do outro e que buscam o som das águas para se estimularem, sabemos ainda que sendo o
corrichado um exercício, quanto mais se praticar melhor, porque mais rapidamente abrirão os
assovios possibilitando a formação do canto em tempo recorde. Devemos apenas evitar o “cantar
sem fim” de alguns “Filhotes Especiais” na fase de ABERTURA DOS ASSOVIOS. À medida que a Seringe
começa a ser capas de produzir assovios uma sobrecarga provocará a temida “ROUQUIDÃO” do
filhote muito freqüente, podendo leva-lo inclusive a morte.
Devemos ficar atentos ao desenvolvimento do Corrichado, que dura de 45 a 90 dias em filhotes
aprimorados, precisamos observar o surgimento dos primeiros assovios para efetuarmos a identificação
do filhote e a sua exclusão do grupo, pois inicia a abertura dos assovios e neste momento
procederemos ao confinamento, estes cuidados são indispensáveis. Caso não se faça de imediato,
instalar-se-ão no grupo os mencionados aspectos TERRITORIALISTAS anteriormente mencionados
inutilizando todo o grupo. As disputas que se instalarão com trocas de “Fragmento” de canto
inutilizará todo o grupo. Devemos acompanhar o desenvolvimento da abertura dos assovios e a
lapidação do canto de forma individualizada, pela própria observação da Natureza.
A afirmativa de que “O corrichado que estimula é o mesmo que atrapalha” é totalmente equivocada e
não deve ser levada em conta, devemos observar os acontecimentos, cada um em suas respectivas
épocas, Corrichado, Abertura de Assovios e Formação de Canto.

Um forte abraço,
Gilson Barbosa – BA.

Informções básicas para criação

 

O Mito sobre o uso de Sementes na Dieta das Aves

 
Por
Dr. Felipe Victório de Castro Bath 


    Prezados leitores e amigos! Como sempre ao longo destes anos estou de volta! Já digo que estou empolgado hoje e o tema é extremamente polêmico. Já deixo os meus agradecimentos à diretoria do Clube de Volta Redonda pelo convite da palestra e para o Clube 3C e ACCN pelo convite para integrar a Revista Anual. Sem esquecer o Ademir nosso editor que me atura até hoje. Chega de puxação de saco e vamos para o artigo de hoje! Então se acomodem e boa leitura.
    Vejo inúmeros criadores repudiarem o uso de sementes e outros que não a trocam por nada. Afinal quem está certo ou errado na história?! Lembro de minha infância quando meu avo tinha algumas aves em casa. Tinha melro, papagaio, cúrio e por aí vai e lembro que eles comiam de tudo menos ração até porque não existiam na época e viviam uma eternidade.. morriam de velhice e as sementes não tinham o menor controle de nada. O que mudou!? Vejo aves morrerem tão jovens..
    Existem veterinários que se omitem, tem veterinários patrocinados e tem veterinários como eu que vai pra ´´guerra´´. Eu falo, mas falo consciente e embasado em mais de 8 anos de estudo e se gera o incomodo de grandes pessoas é porque tenho razão nos meus artigos.. então doa a quem doer eu escrevo.
    O uso de sementes na alimentação de aves vem de longa data. É uma cultura disseminada e será que está errada há milênios?! A muito esperava a oportunidade de poder desenvolver uma marca de sementes ao meu modo e essa oportunidade veio com a Birdmix. Uma empresa nova aqui do RJ que me convidou para participar dessa jornada. Hoje eu digo que é uma excelente marca; existem outras marcas de qualidade no mercado que cumprem algumas exigências By Felipe Bath como a Zoofood.
    Toda mistura de sementes deve ser limpa e isso se consegue com sopradores que removem as cascas e impurezas. Outro fator seria a qualidade da embalagem que algumas deixam a desejar, mas que de maneira geral são boas. E o principal seria a irradiação UV nestas sementes visando eliminar ou diminuir a carga microbiana.
    Ora, mas vocês vão me falar que com o uso de ração sua ave esta livre de toxinas e tal, mas na verdade os riscos são os mesmos. Depende da qualidade dos insumos primários ate porque as toxinas fúngicas em sua maioria não são termolábeis, ou seja, não são destruídas com o emprego do calor.
    Vejo inúmeros criadores usando adsorventes de micotoxinas livremente pensando que é a melhor coisa do mundo. Mas vou contar uma historinha. O uso de adosorventes e não absorventes como muitos falam deve ser usado com cautela durante um período específico e não como uso rotineiro. Por que disso!? Pelo simples motivo que com o uso contínuo desses fármacos temos o comprometimento da absorção de micronutrientes como zinco, cobalto, selênio, etc.. e aí vem o relato de inúmeros criadores que as aves não aprontam, macho não gala, não enche ovo e por aí os inúmeros problemas reprodutivos. Soma-se a isso o erro crucial de se usar suplementos reprodutivos na agua de beber. Nunca vi vitamina lipossolúvel (Vitamina ADE) ser usada na agua.. mas enfim.. cada um tem o veterinário que merece. Todo e qualquer suplemento que possua ADE deve ser usado na comida apesar da bula muitas vezes dizer ao contrário.
    Outro tópico polêmico é que se não consegue equilibrar uma mistura de sementes uma vez que a ave comerá o que ela mais gostar, mas no fundo depende do tempo de exposição e da quantidade administrada por dia. Com certeza a ave come as sementes. Claro que depende de algumas situações como muda de bico onde ela irá preferir as sementes mais macias e irá se alimentar. E com as rações!? Apesar de cada grão/partícula de ração ser teoricamente igual sempre há desperdício assim como nas sementes e quando a ave esta em muda de bico o que fará?! Ate porque o índice de fibras é mais elevado e a extrusada tem menos teor de água.
    Aí decorre em outro problema você ve a ave levar a ração para o pote de agua e molhar para amolecer e poder comer; o que suja a agua de beber. Lógico que outros fatores a fazem fazer isso como a pivite que é resultado de uma alimentação dura demais para a ave em questão.. vocês já leram esse artigo aqui.
    Outro fato interessante é que a ave realmente come as sementes sem nenhum artifício de fabricação, como o uso de aditivos ou pigmentantes e por fim não há necessidade de conservantes ou estabilizantes ou antioxidantes como temos em algumas extrusadas.
    Defendo o uso de sementes. É uma coisa natural.  A anatomia do bico da grande maioria das aves foi feito para isso. Basta observar o que essas comem na natureza. Cúrio, bicudo e coleiro comem sementes por natureza. Trinca ferro, sabia, melro são insetívoros/frugivoros por aptidão. Olha a diferença no bico! O erro no manejo nutricional faz com que surgem problemas de cativeiro como a já falada pivite.
    Então Dr. Felipe toda ave come sementes!? Claro que não.. depende de cada ave e você deve respeitar e conhecer melhor sobre a espécie que possui. O Dr. só usa sementes na dieta das aves?! Também não. Tento mesclar com o uso de extrusadas na medida do possível. Afinal ninguém quer uma ave na gaiola. As pessoas querem super aves de torneio ou super galadores e cantores e confesso que as sementes são pobres em nutrientes e as extrusadas entram neste sentido de somar forças.
    Então por que não usar somente extrusada já que é mais rica em nutrientes e equilibrada!? Justamente pelos motivos apresentados e pelo simples fato da ambiência da ave. A ave não come extrusada na natureza. Então meus amigos tentem equilibrar e usem o bom senso na alimentação de suas aves.
    Consulte sempre o seu veterinário especializado. Eu continuo na Birdmix e deixo o pensamento do dia: "A duvida é o princípio da sabedoria".  Pensem nisso e até a próxima.

 

MUDA DE PENAS

    Mesmo sendo muito resistentes, as penas dos pássaros precisam ser substituídas anualmente. Embora, a qualquer momento, se uma pena for arrancada ou vier a cair por qualquer motivo, outra nasça em seu lugar, a época da muda das penas ocorre após a estação de reprodução, no período compreendido entre janeiro e maio, com maior concentração nos meses de fevereiro e março.

    Na natureza o período de troca da plumagem se arrasta por cerca de quatro meses. Em viveiros ou gaiolões também é mais demorada. Tudo por conta da necessidade de o pássaro manter uma condição ótima de vôo.
Em ambiente doméstico, ocupando gaiolas típicas, um bicudo não deve levar mais de 8 semanas na troca da plumagem. Há espécimes que completam a muda em 40 dias, mas estes são a exceção e não a regra.


    A época da muda varia um pouco de uma região para outra, sendo influenciada pela temperatura, umidade relativa do ar e, principalmente pelo foto-período.
Aspectos psicológicos podem influenciar a entrada do pássaro em muda. Um bicudo em meio às fêmeas ou ouvindo e disputando canto com outros machos poderá retardar sua entrada na muda. O pássaro necessita tranqüilidade para uma muda natural.


    Devemos evitar prolongar o período de reprodução para não comprometer a muda do plantel. Os filhotes tirados a mais nessa temporada, serão cobrados na produção futura.
Fatores de estresse como mudança de ambiente, viagens, variações bruscas de temperatura, mudanças e desequilíbrios na dieta poderão precipitar a entrada do pássaro na muda.


    Há quem busque induzir a entrada em muda, forçando uma situação de estresse para o pássaro. A forma mais comum são os choques vitamínicos na dieta. Muitos deixam que os pássaros passem fome e/ou sede. Aumentar a quantidade de zinco na dieta também induz à entrada na muda.
Forçar a muda não é prática recomendável.


    A muda é um processo natural na vida das aves, relacionado a fatores biológicos, ligados aos hormônios produzidos pela tireóide. A fase da muda é mais complexa que a simples substituição das penas, envolvendo processos que não são percebidos como, por exemplo, a reorganização do aparelho reprodutivo. Durante a muda, as fêmeas não produzem óvulos e os machos perdem temporariamente a fertilidade. Daí ser comum ocorrer de um bicudo, próximo de entrar na muda ou terminando-a, galar uma fêmea e não fertilizar os ovos.

    Durante a muda os bicudos esfriam, param de cantar e na maioria das vezes diminuem muito a sua movimentação na gaiola. Na natureza param as disputas territoriais e se juntam aos bandos, machos e fêmeas.

    Em nosso criatório adotamos a retirada dos ninhos e das divisórias separadoras das gaiolas, permitindo que as fêmeas mantenham contato visual em tempo integral, desde o término da estação de reprodução até o final da muda. Esse procedimento faz com que mesmo as fêmeas mais fogosas, que ainda estão querendo cruzar, esfriem e entrem em muda. Os galadores são retirados do ambiente.

    As penas devem cair devagar, naturalmente, de forma a que quase não se perceba sua entrada em muda. Se de um dia para outro a gaiola aparecer forrada de penas ou se partes da pele estiverem expostas, há algo errado.

    Os filhotes nascem quase pelados, cobertos com uma finíssima plumagem. Aos poucos vão aparecendo as penas e quando saem do ninho já estão empenados por inteiro.
No terceiro ou quarto mês de vida efetuarão uma muda que chamamos muda de ninho. Essa muda não é completa. As penas das asas e da cauda não são substituídas (rémiges e rectrizes). Mudam somente as penas do peito e da cabeça.
Nos adultos a muda das penas das asas e do rabo é iniciada do centro para as extremidades. Em ambas as asas as quedas são simultâneas. As penas do corpo são renovadas quase simultaneamente e as últimas a serem substituídas são as da cabeça. Dizemos que um bicudo enxugou a muda quando não vemos mais nenhum cartucho de penas novas em sua cabeça.


    Podem ocorrer características particulares na muda de alguns pássaros, sem que, necessariamente, esteja ocorrendo um problema. Em nosso criatório há uma fêmea que inicia a muda perdendo quase todas as penas da cabeça, permanecendo assim até o final da muda. Todos os anos é a mesma coisa. Sua muda se completa sem nenhum problema. Há ainda um macho que fica com um pedaço da nuca sem penas durante toda a muda. Se não o conhecesse-mos seria tratado contra ácaros. Terminada a muda volta ao normal, com uma plumagem muito bonita. São exemplos de pássaros com características atípicas na muda.

    No final da primeira muda completa os bicudos machos apresentam penas marrons mescladas com penas pretas, sendo chamados pintões ou maracajás. Essa plumagem marca o que seria o período de adolescência do bicudo. Na próxima muda ficará com a definitiva plumagem negra e será considerado adulto.

    A muda de penas é um evento natural na vida dos pássaros, não pode ser tratada como uma enfermidade. No entanto, os pássaros ficam mais debilitados e suscetíveis às doenças nesse período, inspirando mais atenção, especialmente com variações bruscas de temperatura e com correntes de ar.

    Temperaturas mais elevadas favorecem uma muda mais rápida. Muitos criadores encapam a gaiola durante a muda, com a intenção de manter o pássaro mais tranqüilo e protegido de variações bruscas de temperatura. Com a menor circulação de ar pela gaiola encapada, podem surgir problemas sanitários causados pelos vapores emanados dos excrementos do pássaro, notadamente a amônia. Podem ocorrer desde irritações dos olhos e das vias respiratórias até uma intoxicação mais séria. Para contornar o problema, é colocado na bandeja da gaiola carvão vegetal triturado. O carvão vegetal é conhecido pela sua capacidade de absorção e retenção de substâncias químicas. Tanto é que sua presença é comum em muitos filtros. Isso deu início à lenda de que carvão no fundo da gaiola ajuda na muda. Já vimos vários criadores com gaiolas desencapadas e forradas de carvão, para “desencruar a muda”.

    Os banhos são permitidos e recomendados, com a precaução de evitar dias e horas mais frios. Duas gotinhas de vinagre de maçã na água do banho ajudam na prevenção de ácaros e conferem um aspecto de limpeza à plumagem. Banhos de sol são excelentes.

    Uma dieta equilibrada é garantia de muda bem feita. Se o criador desejar uma suplementação especial para a muda, pode ministrar Hemolitan Pet (1 gota em 50 mL) por 5 dias consecutivos na entrada da muda. Suplementar a dieta com lisina e metionina, que as aves podem converter em cistina, contribui para a formação de uma melhor plumagem. A proteína nos tecidos das penas contém elevados teores de cistina.
Na mistura de sementes cabe incluir 5% de sementes de linhaça, para que a plumagem adquira mais brilho.


    Quando um pássaro muda de forma mais lenta, é comum ouvirmos que está com muda francesa. No entanto, não há propriedade nessa afirmação, se o pássaro não estiver acometido por um vírus natural dos mamíferos que se adaptou às aves, mais precisamente um polyomavirus, da família dos papovaviridae, neste caso designado por um avipolyomavirus. Na realidade, a muda francesa se trata de uma variante menos fatal do verdadeiro vírus, designado por Budgerigar Fledgling Disease Virus (BFDV), característico por afetar o crescimento das penas. Pássaros adultos poderão ser portadores assintomáticos dessa virose. É comum que apresentem plumagem irregular e sem brilho, com algumas penas mais curtas ou eriçadas.

    Quando a muda não transcorre como o previsto, devemos buscar as causas do problema.
   
    As causas clínicas mais comuns são parasitas de pele, parasitas internos (vermes, protozoários), infecções bacterianas ou fúngicas na pele ou nos folículos das penas, alergias, distúrbios hormonais, desnutrição, aspergilose (infecção respiratória fúngica), doenças internas (doenças hepáticas) e carências nutricionais.

    As causas psicológicas ou comportamentais são o estresse, medo, susto, luz no criatório reduzindo as horas de sono, mudança brusca na rotina do pássaro, presença de outros pássaros cantando no recinto ou mistura de machos e fêmeas, principalmente, em diferentes estágios da muda.

    Outra prática tradicional de muitos criadores é colocar o pássaro para exercitar-se em gaiolões no final da muda.
E exercícios são benéficos não apenas para os pássaros. No entanto, colocar um pássaro em um gaiolão e depois de um mês devolve-lo à gaiola convencional é uma prática de pouca valia. Equivale a praticarmos esporte durante um mês por ano.
Os pássaros que são condicionados a permanecer em gaiolões, passando para gaiolas convencionais apenas por ocasião de passeios, treinamentos e torneios, apresentam condição física superior em suas apresentações. É impressionante como se mostram alegres com a aproximação da gaiola. Sabem que vão passear.


    Concluída a muda é hora de vermifugar o plantel, cortar as unhas que estiverem fora de medida e iniciar os preparativos para a temporada de reprodução e torneios.